Um Verdadeiro Ministro Cristão é Consistente em Todas as Suas Relações na Vida
(cap. 1:12-24)
Paulo continua a explicar seus movimentos na obra e a
abordar (indiretamente) as alegações que foram feitas contra ele. Ao fazer
isso, ele apresenta outra característica que deve marcar um verdadeiro ministro
de Cristo – consistência.
Seus acusadores estavam dizendo que ele não era uma pessoa
sincera e nem confiável. O exemplo que eles apontaram foi que ele havia dito
que viria a eles antes do inverno, mas não veio (1 Co 16:4-6). Querendo
encontrar falha nele, viram isso como uma promessa quebrada. Eles o acusaram de
vacilação e duplicidade – de dizer uma coisa, mas fazer outra. Disseram que era
um homem que não mantinha sua palavra, e insinuaram que ele não poderia ser
confiável. Aparentemente, tinham se esquecido que ele tinha condicionado suas
intenções de vir dizendo “se o Senhor o
permitir” (1 Co 16:7). De toda forma, nos versículos 12-24, Paulo explica a
razão da sua mudança de planos. Ao mesmo tempo, ele usa a oportunidade para
mostrar outra grande característica que deveria marcar um ministro de Cristo – ele deve ser consistente em todas as suas relações
na vida.
V. 12 – É difícil acreditar que o apóstolo fosse acusado de
ser indeciso. Essas acusações lançam dúvidas sobre sua honestidade e
integridade. Para remover essas dúvidas e suspeitas que os coríntios tinham,
Paulo começa com uma afirmação positiva e enfática de sua sinceridade, dizendo:
“Porque a nossa glória é esta: o
testemunho da nossa consciência, de que com simplicidade e sinceridade de Deus,
não com sabedoria carnal, mas na graça de Deus, temos vivido no mundo, e de
modo particular convosco”. A “consciência”
de Paulo era testemunha do fato de que sua conduta havia sido caracterizada por
absoluta sinceridade. Toda a sua vida foi de “simplicidade”. Esta é uma palavra antiga que significa “mente
simples”. Ele não era uma pessoa de dupla palavra; ele era um homem de
integridade e “sinceridade”. Seu
propósito de vir a eles não era algo “carnal”
que mudaria de um dia para outro; foi o que ele propôs pela “graça de Deus”. Esta era sua conduta
normal com homens “no mundo” e com
os Cristãos.
Vs. 13-14 – Ele disse, “Porque
nenhumas outras coisas vos escrevemos, senão as que já sabeis ou também
reconheceis”. Ele não tinha um significado oculto para suas palavras quando
escreveu a respeito de suas intenções de ir até eles. O significado das suas
palavras era claro e óbvio. Ele disse o que quis dizer, e não pensou em fazer
outra coisa senão o que pretendia fazer.
Ele estava grato que eles reconheceram o conteúdo de sua
primeira epístola, e confiou que continuariam a fazê-lo, enquanto vivessem (“também até ao fim”). Mas ele
acrescenta tristemente, “Como também já
em parte reconhecestes em nós”. Foi apenas “em parte” porque havia uma divisão entre os coríntios que não
apreciava Paulo e seus cooperadores. Ao dizer isso, ele os avisou que estava
ciente de que havia alguns entre eles que estavam contra ele.
Vs. 15-16 – Com essa pureza de pensamento, Paulo tinha a “intenção” (ATB) de ir ter com eles. De
fato, tão transparentes eram seus motivos que não tinha dificuldade em dizer-lhes
que realmente pretendia ir duas vezes, para que eles tivessem “um segundo benefício” (ATB). Ele
queria ir até eles a caminho da Macedônia, e depois visitá-los novamente,
retornando da Macedônia em seu caminho para a “Judéia”.
Vs. 17-18 – Ele lhes pergunta, “E, deliberando isto, usei porventura de leviandade? Ou o que delibero,
o delibero segundo a carne, para que haja em mim sim sim, e não não?” Isto
poderia ser respondido com um sonoro, “Não!” (“Leviandade” é uma antiga palavra que significa ser volúvel). Ele
insiste que seus planos não eram sim, sim, e então, por um capricho, ele os
mudou para não, não.
Paulo usou as críticas deles como uma oportunidade de
mostrar que o servo do Senhor deve ser coerente com sua palavra em todas as
suas questões. Suas relações com as pessoas devem ser consistentes com o
caráter do próprio Deus. Ele insiste que aquele era o seu caso, dizendo “como Deus é fiel, a nossa palavra para
convosco não foi sim e não”. Veja também Tiago 5:12.
Vs. 19-20 – De acordo com isto, o evangelho que ele, “Silvano” e “Timóteo” levaram entre os coríntios desde o início não era “sim e não, mas n'Ele era sim”. Tudo o
que Deus promete no Evangelho Ele cumpre em Cristo. Além disso, “tantas quantas forem as promessas de Deus,
n’Ele está o sim; porquanto também por Ele é o amém, para a glória de Deus por
nosso intermédio”. Não apenas era o “sim”
encontrado em Cristo, mas também o “Amém”.
O Senhor não apenas concorda com a vontade de Deus como expressado nas
promessas de Deus no evangelho, Ele as leva à conclusão. Além disso, Ele ganha pessoas
por meio da graça, e faz deles Seus servos para a realização da vontade de
Deus. Isso é indicado nas duas palavras “por
nós” no final do versículo 20.
Vs. 21-22 – Tudo o que Deus faz é sólido e confiável. Ele estabelece
almas em Cristo pela habitação do Espírito de Deus que confirma o trabalho
divino em nós. O efeito deste trabalho nos dá absoluta certeza de tudo o que
Deus prometeu. Ele fala de três coisas em particular: “Mas o que nos confirma convosco em Cristo, e o que nos ungiu, é
Deus, O qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em
nossos corações”. Estas são três
diferentes operações do Espírito em nós quando somos salvos. Elas nos capacitam
a viver inteligentemente, com uma sensação de segurança e felizes no Senhor.
- A unção do Espírito é para poder e discernimento (1 Jo 2:18-21, 24-27).
- O selo do Espírito é para nossa certeza (Ef 1:13; 4:30).
- O penhor do Espírito é para o nosso regozijo presente do que virá no futuro (Ef 1:14).
Paulo menciona isso para mostrar que, já que tudo o que Deus
faz e diz pode ser considerado eterno, Seus ministros devem mostrar o mesmo
caráter de imutabilidade e confiabilidade em todas as suas relações com os
homens, para que eles representem adequadamente a Deus.
V. 23 – Se a integridade das relações de Paulo era de
caráter excelente, então por que ele não foi até eles como planejado? Paulo
agora responde isto: Para mostrar a absoluta sinceridade da explicação que
estava prestes a dar, ele chama Deus por testemunha, dizendo, “Invoco, porém, a Deus por testemunha sobre
a minha alma”. Isto mostrou que sua consciência estava limpa diante de
Deus, e que estava dizendo a verdade. Ele continua dizendo, “que para vos poupar não tenho até agora
ido a Corinto”. Se ele tivesse ido quando pretendia, teria de lhes infligir
severa disciplina por causa dos muitos males e desordens que havia naquela
assembleia! Ele os queria “poupar”
do julgamento que certamente recairia sobre eles, então ele atrasou sua ida
para dar-lhes tempo para se arrependerem e colocarem as coisas em ordem. Então,
não era que ele fosse descuidado; foi exatamente o oposto – foi porque cuidava
deles! Para eles, como assembleia, foi totalmente falta de consideração que ele
não tivesse ido! A acusação deles de inconstância, era, portanto, simplesmente
infundada. Perceber isso deve ter humilhado ainda mais os coríntios.
V. 24 – Ter que intervir e exercer sua autoridade apostólica
em Corinto (se as coisas não tivessem sido colocadas em ordem) poderia ter sido
entendido como se ele estivesse procurando ter domínio sobre eles e controlar
sua fé. Portanto, ele acrescenta, “Não
que tenhamos domínio [governo] sobre a vossa fé, mas porque somos
cooperadores de vosso gozo; porque pela fé estais em pé”. Isso, ele
esperava, aliviaria as suspeitas que pudessem ter de que queria dominar suas
consciências. Ele não tinha pensado em dominar sua fé; só queria aumentar a
felicidade deles e ser um “cooperador”
de sua “gozo”. Ele não queria
dominar suas consciências nessa questão, mas sim fazê-los agir para a glória de Deus ao colocar as coisas em ordem.
Como ninguém tem autoridade apostólica hoje em dia, quando há desordens numa
assembleia, tudo o que um servo do Senhor pode fazer é instruir, encorajar e
guiar os santos em assuntos locais que os possam estar incomodando, e deixar
suas consciências agirem diante do Senhor.
Já que estamos todos no ministério de uma forma ou de outra,
esse princípio de consistência se aplica a todos nós. Portanto, tenhamos o
cuidado de ser consistentes em todas as nossas questões na vida; isso dará peso
ao nosso ministério.
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