domingo, 2 de setembro de 2018

Um Verdadeiro Ministro Cristão é Cheio da Compaixão de Deus (cap. 1:3-11) O povo

Um Verdadeiro Ministro Cristão é Cheio da Compaixão de Deus 
(cap. 1:3-11)

O povo do Senhor está continuamente passando por sofrimento e provações; se o servo do Senhor vai ministrar a eles efetivamente, deve ter um coração como o de Deus – cheio de compaixão. Deus é “o Pai das misericórdias [compaixões] e quer isso muito característico em Seus ministros. Esta, então, é a primeira grande característica que deveria marcar todo ministro Cristão – um coração cheio da compaixão de Deus.
Isto foi algo que caracterizou a vida e ministério do Senhor Jesus Cristo – nosso Modelo de Servo. Diz que quando via as multidões, “Ele era movido de grande compaixão” (Mt 9:36, 14:14; Mc 1:41). Sem esta importante qualidade pessoal, o servo do Senhor terá falta de poder e efetividade em alcançar os corações das pessoas que estão passando por provações e aflições.
Esta importante qualidade, no entanto, não é adquirida estudando-se livros; não podemos obtê-la fazendo seminário, ou estudando “Sinopses dos Livros da Bíblia” de J. N. Darby. É uma particularidade que não vem naturalmente ao coração humano, porque somos naturalmente mais preocupados conosco do que com o bem estar dos outros. O próprio Deus forma esta importante qualidade em nossas almas na escola da aflição. Ele prepara Seus servos (ministros) moral e espiritualmente fazendo-os passar por circunstâncias difíceis (provas) pelas quais aprendem lições valiosas e obtêm graça d’Ele no caminho da vida. Se examinarmos as Escrituras, veremos que praticamente todo servo que Deus chamou e usou, Ele primeiro o educou em segredo, no que podemos chamar de “história secreta com Deus no deserto”. Por esse meio, o servo é capacitado por Deus para ministrar efetivamente aos outros, entrando em suas provações e genuinamente condoendo-se com eles em suas dificuldades.
Experimentar provações na vida é o modo designado por Deus de treinar Seus servos em Sua escola; é assim que Sua compaixão é neles formada. O Senhor não comete erros em Suas lições. Tudo o que Ele permite em nossas vidas é para nosso desenvolvimento moral e espiritual. Eliú corretamente disse “quem ensina como Ele?” (Jó 36:22). O propósito do ensino em Sua escola é o de Ele ter um lugar maior em nossas afeições e de que não tenhamos confiança na carne. A Escritura fala sobre ser “mudado de vasilha para vasilha” (Jr 48:11 – ARA) descrevendo esses exercícios. Tem sido dito que nenhum servo foi usado por Deus que não tenha sofrido. Sendo este o caso, muitos podem invejar o ministério de um servo, mas ninguém vai invejar sua disciplina. Grande parte do trabalho de Deus em Sua escola consiste em nos reduzir a um tamanho adequado no qual Ele pode nos usar em Seu serviço. Com todos nós, este é um trabalho em andamento. O surpreendente sobre isto é que Deus usa vasos que Ele ainda não terminou no que diz respeito ao seu desenvolvimento pessoal.
Vs. 3-11 – Paulo bendiz Deus pelo conforto divino que recebeu em suas provações e aflições (vs. 3-7), e pelo livramento divino que recebeu quando Deus o tirou daquelas provações (vs. 8-11). Entendendo que essas coisas todas trabalham juntas para glória de Deus e para o supremo conforto do Seu povo, Paulo fala com louvor das “misericórdias [compaixões] de Deus” em tempos de aflição. Ele exulta: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias [compaixões] e o Deus de toda a consolação; Que nos consola [encoraja] em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar [encorajar] os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação [encorajamento] com que nós mesmos somos consolados [encorajados] por Deus”. Nesta curta bênção, ele relacionou o verdadeiro conforto à sua fonte divina – o próprio Deus. Satanás é o deus de todo o desencorajamento, mas nosso Pai é “o Deus de toda a consolação [encorajamento]. Paulo podia bendizer a Deus por tudo o que ele teve de passar na vida porque sabia que algo estava sendo trabalhado nele que o ajudaria ao final a encorajar os santos.
Então, Paulo se gloriou nas “tribulações” (Rm 5:3-5). É preciso fé para ser capaz de honestamente agradecer a Deus por toda situação de prova em que Ele nos coloca, contudo é isto que o apóstolo fez. É fácil bendizer o Senhor em tempos bons, mas fé O bendiz em todo o tempo – mesmo quando os tempos são difíceis. Davi disse “Bendirei o Senhor em todo o tempo” (Sl 34:1 – ARA). Da mesma forma, Paulo disse “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1 Ts 5:18).
É significativo que a palavra “consolação [encorajamento] apareça dez vezes em cinco versículos curtos (vs. 3-7). Esta repetição nos diz que o povo de Deus precisa muito de encorajamento. Deus, portanto, tinha um propósito definido em transmitir Seu consolo ao apóstolo. Ele queria que ele “confortasse [encorajasse] os que estivessem em alguma tribulação, com a consolação [encorajamento] que ele recebeu do Senhor (v. 4).
Ele chama os sofrimentos que ele passou de “as aflições de Cristo” (v. 5). Ele quis dizer que a perseguição e as hostilidades que ele suportou eram do mesmo caráter que aquelas que o Próprio Senhor suportou quando ministrou na Terra. Esses são parte dos sofrimentos do martírio do Senhor. Se formos fiéis, compartilharemos esses sofrimentos do Senhor (Mc 10:39), mas nunca podemos compartilhar os Seus sofrimentos expiatórios (Mc 10:38).
Como mencionado, os confortos que Paulo recebeu de Deus em Suas aflições, foram, fundamentalmente, para o bem dos coríntios. Ele disse “Mas, se somos atribulados, é para vossa consolação [encorajamento] e salvação” (v. 6). Eles eram os que se beneficiariam das aflições de Paulo, porque ele era capaz de ministrar a eles o conforto de Deus mais efetivamente. Paulo acrescentou “E a nossa esperança acerca de vós é firme, sabendo que, como sois participantes das aflições, assim o sereis também da consolação [encorajamento] (v. 7). Sua “esperança” para eles era que se beneficiassem de seus sofrimentos recebendo seu ministério.
As experiências pelas quais Paulo passou nas provações produziram nele um efeito triplo:


  • Deu-lhe uma nova causa para bendizer a Deus (v. 3).
  • Ele adquiriu um entendimento de como Deus dá consolo ao Seu povo em tempos de provação (v. 4a).
  • Permitiu-lhe consolar e encorajar outros que passavam por provação (vs. 4b-7). Sua “esperança” era que os santos se beneficiassem dos resultados de suas provações em seu ministério.

V. 8 – Ele passa a dar-lhes um exemplo da aflição que passou, apontando para o problema que sofreu “na Ásia”, que era bem conhecido entre os santos em geral (At 19:22-41). Ele diz que eles foram “sobremaneira agravados mais do que podíamos suportar, de modo tal que até da vida desesperamos”. Em sua primeira epístola, referiu-se a este mesmo conflito, dizendo que “combati em Éfeso contra as bestas” (1 Co 15:32). Os homens naquela região eram tão veementemente contra a verdade do evangelho que se comportavam como bestas selvagens.
Paulo tinha uma razão definida para dizer isso aos coríntios; havia alguns entre eles que diziam que ele era um indivíduo problemático e que provocava problemas e controvérsias por toda parte em que ia. Eles o acusaram de constantemente se envolver em problemas com as autoridades e de ser um incômodo público, e este incidente em particular foi usado para fundamentar o argumento deles. Mas não era este o caso. As aflições que ele passou na Ásia foram sofrimentos legítimos pelo amor do evangelho e não foram por causa de qualquer erro pessoal. Alguns dos coríntios estavam criticando o apóstolo pelos problemas nos quais ele havia se envolvido, mas, na realidade, Deus ordenou isso para que eles acabassem por receber uma bênção disso!
Eles seriam os recebedores da graça e conforto que Paulo recebeu de Deus naqueles problemas pelo seu ministério de conforto para eles. Aprender isso deve ter surpreendido os coríntios.
V. 9 – Sofrer aflição desta maneira obviamente não era algo agradável. Paulo diz “Mas já em nós mesmos tínhamos a sentença de morte, para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos”. Ele e seus cooperadores chegaram perto da morte (martírio) naquela ocasião, mas eles entenderam totalmente que eram homens que tiveram um encontro com a morte por amor de Cristo; era só uma questão de tempo até isso acontecer.
Independentemente dos equívocos de seus difamadores (intencionais ou não), esta prova em particular ensinou a Paulo algumas lições valiosas que todos nós precisamos aprender. Foram elas:


  • Não confiar em si mesmo, senão em Deus (v. 9). Uma das grandes lições na escola de Deus que o servo do Senhor deve aprender de uma vez por todas é não confiar em si mesmo (Jr 17:9; Pv 28:26; Is 2:22). O Senhor sabe como tirar de nós a autoconfiança, colocando-nos em circunstâncias difíceis na vida onde somos sobremaneira pressionados. O resultado é que aprendemos mais plenamente d’Ele, e assim o nosso ministério é mais sincero e efetivo.
  • Ter um conhecimento prático do cuidado preservador de Deus em várias situações na vida real (v. 10).
  • Experimentar a comunhão e o conforto das orações dos santos em tempos de necessidade, por meio dos quais se desenvolve um vínculo mais profundo de amor e apreço por nossos irmãos no Senhor (v. 11).

V. 10 – Paulo então fala da fidelidade de Deus em libertar ele e seus cooperadores de sua experiência que beirou a morte, Ele diz “O qual nos livrou de tão grande morte, e livrará; em Quem esperamos que também nos livrará ainda”. Eles tinham um senso profundo do cuidado preservador de Deus, tendo aprendido a confiar n’Ele em circunstâncias tão difíceis.
Alguns pensaram que este versículo está se referindo aos três aspectos da salvação completa de Deus – salvação da punição dos nossos pecados, salvação do poder do pecado em nossas vidas, e salvação da presença do pecado, conforme apresentado na epístola aos Romanos. No entanto, o contexto desta passagem mostra claramente que Paulo estava falando sobre uma libertação transitória, não a libertação da alma. Na realidade, ele estava falando de três diferentes tempos de libertação transitória. Isto é, libertação em um sentido literal, semelhante ao que Israel conheceu nos tempos do Velho Testamento, quando eles foram libertados (fisicamente) dos egípcios e dos filisteus, etc. Deus libertou Paulo e seus cooperadores do perigo do martírio, e Ele continuava a libertá-los daquele perigo atualmente. Paulo estava confiando que Deus faria isso nos dias vindouros, enquanto pregavam o evangelho entre pessoas hostis.
V. 11 – Paulo deu crédito aos coríntios por sua parte na libertação presente que ele e seus cooperadores estavam experimentando de Deus. Ele presume que a compaixão, da qual ele tinha falado, estava em seus corações para com ele, e que eles estavam orando por ele em seus trabalhos. Ele usa uma pequena ironia aqui, pois eles tinham sido críticos para com ele e era questionável se eles ainda se lembravam dele diante do trono da graça.
Podemos aprender com isso que não devemos desprezar as provações e tribulações pelas quais passamos porque Deus tem nelas um plano definido. Ele está formando algo valioso em nós, que Ele pode usar para ajudar Seu povo. Cada um de nós está em Sua escola; se nos beneficiarmos das coisas pelas quais passamos, seremos uma ajuda e uma bênção para outros que estão passando por dificuldades. Quanto maior o sofrimento que somos chamados a suportar, maior a oportunidade que temos de aprender o conforto de Deus. Ele quer nos encher com Sua compaixão, e não há melhor maneira do que ser colocado em situações difíceis, onde nós mesmos precisamos de compaixão, e tê-Lo, ternamente ministrando-a para nós. Se tal for o caso, o que virá de nossos corações no ministério terá poder para com aqueles a quem ministramos. Eles verão que genuinamente nos preocupamos com eles e estamos interessados na sua bênção. Consequentemente, eles receberão nosso ministério.

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