Três Céus nas Escrituras
- Os “céus” estelares – os céus físicos (Gn 1:1; Sl 19:1).
- Os “lugares celestiais” – o esfera da atividade espiritual (Ef 1:3).
- O “terceiro céu” – a morada de Deus (2 Co 12:2).
Paulo chama o terceiro céu de “paraíso”.
É uma cena de alegria, beleza e glória onde Deus habita em luz e amor. É onde o
ladrão na cruz foi imediatamente após a morte (Lc 23:43) e onde todos os
redimidos estão ou estarão.
Capítulo 12:5-6 – Em vez de se gloriar nessa maravilhosa experiência,
Paulo nos fala das “enfermidades” (KJV)
que o Senhor permitiu que tivesse quando voltou à consciência, na Terra. Isso
mais uma vez é uma prova de sua humildade.
Capítulo 12:7 – Tais eram as elevadas visões e revelações que
Paulo experimentou que havia perigo de o orgulho surgir em seu coração. A carne
nele não havia mudado pela experiência. Por isso, o Senhor permitiu um “mensageiro de Satanás” para o “esbofetear” com uma aflição corporal
desconhecida. Paulo chama isso de “um
espinho na carne”. Se o Senhor não tivesse feito isso, a carne teria se
intrometido no trabalho de Paulo e estragado sua utilidade no serviço. Em
condições normais, a carne deve ser mantida inativa
no crente pelo andar no Espírito (Rm 6:11-14; Gl
5:16). Mas esta não era uma experiência comum e, portanto, exigiu um especial “espinho na carne”.
Isso nos mostra que a carne não é erradicada do crente por ter uma
elevada experiência espiritual, como o Movimento de Santidade falsamente afirma. Magníficos
privilégios e experiências espirituais não mudam a carne – nem mesmo de um
apóstolo. Paulo não precisou do espinho quando foi arrebatado para o terceiro
céu, mas precisou quando voltou à Terra.
Paulo não diz qual era o “espinho”,
apenas que era uma enfermidade (v. 9). Foi alguma doença ou chaga corporal. Alguns
especularam que, porque ele se refere a um problema que tinha com os olhos
quando escreveu aos gálatas, que talvez fosse uma doença em seus olhos (Gl
4:15). Tudo o que realmente sabemos é que foi algo que fez Paulo desprezível
aos olhos dos outros e, portanto, foi usado pelo Senhor para impedi-lo de exaltar-se
com orgulho. O espinho não foi enviado para corrigir o mal da carne em
Paulo – pois a carne não pode ser corrigida (Jo 3:6) – mas ajudá-lo em uma
medida preventiva contra a carne se deixar levar pela sua própria importância.
Assim,
o espinho teve um efeito duplo em Paulo:
- Mantinha-o em humilde dependência do Senhor.
- Guardou os santos de exaltá-lo como algum excepcional servo de Deus.
Ele diz: “Para que não me
exaltasse”. Algumas versões acrescentam “demais”, mas essa palavra não está
no texto grego. Ela faz parecer que Paulo estava dizendo que seria aceitável
exaltar a si mesmo, mas não muito. Isso, é claro, não transmite o ponto que
Paulo estava expondo. A exaltação própria é sempre perigosa – mesmo que um
pouco dela. Guardemo-nos de ter um espírito pretensioso e arrogante que
aproveitasse algum incidente ou experiência em nossas vidas que pudéssemos usar
para nos exaltar e que desse aos outros uma impressão de uma espiritualidade e
devoção que realmente não possuímos.
Capítulo 12:8-10 – Paulo inicialmente pensou que o espinho o
atrapalharia no seu serviço, e diz que “acerca disto três vezes implorei ao
Senhor que o espinho se apartasse de mim”
(ATB). Em perfeita sabedoria, o Senhor respondeu à
sua oração, mas não ao seu pedido da oração. O Senhor não removeu a aflição,
mas usou-a para ensinar a Paulo algumas importantes lições espirituais que
trabalhariam para preservá-lo em seu serviço. Quando ele discerniu que não era
a vontade do Senhor tirar-lhe a provação, se submeteu “de boa vontade”, pois só queria ter a vontade do Senhor em sua
vida. Em troca, o Senhor lhe deu a garantia de Sua suficiência em graça para
sustentá-lo na enfermidade, e isso confortou seu coração. Isso permitiu suportasse
suas enfermidades, censuras, sofrimentos, etc. Se o Senhor nos deu algum fardo
ou aflição para suportar, não vamos nos queixar disso, mas nos submeter à Sua
vontade na questão – pode ser o Seu modo de nos preservar no caminho, e nos
fazer úteis em Seu serviço.
O resultado imediato da submissão de Paulo no assunto foi que “o poder de Cristo” habitou nele. Todos
os que testemunharam seu ministério viram o Senhor operando por meio dele, e
isso lhes causou uma profunda impressão. Assim, a mesma coisa que Paulo pensava
que atrapalharia seu serviço, na verdade, ajudou-o nele! Ele aprendeu pelo
menos duas grandes coisas com a provação:
- A graça do Senhor é suficiente para sustentar o Seu povo nas provações mais difíceis.
- Fraqueza na provação pode se tornar-se ocasião para manifestar o poder do Senhor.
Isso mostra outra marca que distingue um apóstolo, que ninguém
quer ter – ele tem disciplina especial do
Senhor por causa das sublimes revelações que lhes foram dadas e do trabalho que
é chamado a fazer. O que distinguiu Paulo como um verdadeiro apóstolo de
Cristo não foi apenas o fato de ter essas visões e revelações – porque outros
profetas verdadeiros nos primeiros dias da Igreja também os tiveram (Ef 3:5) – mas
que precisou de disciplina especial na escola de Deus para mantê-lo humilde e
útil. Não há registro desses falsos apóstolos tendo essa credencial. Eles
podiam ter invejado o apostolado de Paulo, mas nenhum deles invejava sua
disciplina. Eles podiam alegar serem apóstolos e terem revelações, etc., mas
deixem que nos mostrem seu “espinho”
na carne que comprovaria isso.
A lição prática para nós aqui é que Deus pode fazer muito mais com
um homem quebrado do que com um homem que parece forte em sua própria força. As
pessoas dizem: “Eu quero me sentir forte”. Mas o que elas precisam sentir é sua
própria fraqueza, porque então o poder do Senhor pode operar por meio delas, e
Ele recebe a glória. Paulo disse: “Quando
estou fraco, então sou forte”.
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