segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Um Apóstolo de Cristo Sofre pela Verdade que ele Leva


Um Apóstolo de Cristo Sofre pela Verdade que ele Leva

Capítulo 11:16-33 – Outra coisa que caracteriza um verdadeiro apóstolo de Cristo é que ele paga um preço por levar a verdade sofrendo perseguição. Os historiadores bíblicos registraram que todo apóstolo do Senhor Jesus Cristo sofreu o martírio, exceto João – embora tenham tentado matá-lo.
Vs. 16-20 – De forma a introduzir esta próxima marca de um apóstolo, Paulo novamente expressa sua relutância em falar de si mesmo, mas sentiu que era necessário para expor corretamente esses falsos obreiros. Ao dizer essas coisas sobre si mesmo, ele confiou que “ninguém” o julgaria “insensato”. Mas se os coríntios o vissem como tal, eles deveriam estar felizes em recebê-lo “como insensato”. Paulo diz: “de boa mente tolerais os insensatos” – uma alusão ao fato de permitirem que esses charlatões estivessem entre eles e até mesmo os apoiasse. Na essência, Paulo estava dizendo: “Eu sei que é tolice alguém gloriar-se de si mesmo, mas desde que vocês permitem uma boa parte daqueles que se exaltam a si mesmos e vos devoram e vos fazem cativos – se pensam que estou me gloriando, tenho certeza que vão me perdoar por dedicar-me a isso na tentativa de explicar”. Se eles estavam dispostos a tolerar os professores judaizantes entre eles, então deveriam dar a Paulo algum espaço para fazê-lo sem críticas. Assim, ele usou um toque de ironia aqui.
Vs. 21-22 – Paulo então se volta para falar do assunto de sofrer “reprovação” (KJV). Não tendo verdadeiras credenciais do Senhor, esses falsos obreiros estavam indicando falsas credenciais que de modo algum provavam que eram verdadeiros apóstolos. Eles não podiam usar sua herança e outras coisas naturais para provar que eram apóstolos e Paulo não, porque ele tinha essas credenciais também. Se apontassem para o discurso “ousado” deles, Paulo poderia fazer o mesmo. Se apontassem para a descendência deles dos “Hebreus” (orgulho de raça), Paulo também poderia. Se alegassem que eram “Israelitas” (os privilégios peculiares daquela nação), Paulo também poderia. Se fossem suas conexões familiares com “Abraão” (suas promessas especiais de bênção), Paulo também poderia reivindicar isso (v. 22). Mas essas coisas de maneira alguma provam que uma pessoa é apóstolo de Cristo.
Vs. 23-27 – Paulo prossegue mostrando que se eles ousassem alegar que eram verdadeiros “ministros de Cristo”, então deveriam ter sua participação dos sofrimentos de Cristo, como ele teve. Paulo e os outros apóstolos traziam as marcas dos sofrimentos de Cristo em seus corpos. Ele fala disso em Gl 6:17, dizendo: trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus. Se alguém questionasse o apostolado de Paulo, tudo o que eles tinham de fazer era olhar para aquelas marcas – elas atestam o fato de que era um verdadeiro apóstolo. Mas isso estava faltando a esses falsos mestres; não há evidência de que sofreram por Cristo. O apóstolo João diz que uma grande indicação reveladora de falsos profetas é que “o mundo os ouve” (1 Jo 4:5). Eles são aceitos pelo mundo porque falam coisas que o mundo entende. Assim, o mundo não lança sua reprovação sobre eles. Esta é uma evidência convincente de que eram falsos esses supostos ministros de Cristo.
Paulo toma a liberdade de continuar um pouco sobre o assunto de sofrimento para mostrar o que deve suportar um apóstolo de Cristo, pelo amor de Seu nome. O Senhor disse de Paulo: “E Eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo Meu nome” (At 9:16). Isto foi certamente cumprido em sua vida como um apóstolo. É Paulo como que dizendo: “Vocês me forçaram a gloriar-me em mim mesmo; mas não vou falar de coisas pelas quais as pessoas me invejassem; Eu falarei daquilo que ninguém desejaria – meus sofrimentos por Cristo no evangelho”. Ele então se lança na prova mais convincente de ser um apóstolo. Ele coloca diante de nós um registro comovente de seus sofrimentos por Cristo, listando umas 25 coisas – muitas das quais aconteceram com ele várias vezes. Em todas as coisas que Paulo menciona, ele não traz os muitos sinais e maravilhas que foram feitos por meio dele. Tais coisas apenas intrigariam e fascinariam nossas mentes e nos ocuparia com o servo. Em vez disso, ele nos apresenta incidentes de seu sofrimento e indignidade. Lembremo-nos, também, que o registro dos sofrimentos de Paulo por Cristo não estava completo no momento em que escreveu esta carta. Os sofrimentos que ele suportou nos últimos capítulos de Atos não seriam incluídos nisto, porque eles ainda não haviam ocorrido (por exemplo, At 20:23, 23:2, 12, 27:41-44).
Não entraremos em cada um desses sofrimentos, exceto para explicar o que ele quis dizer quando disse: “em perigo de morte muitas vezes”. Isso não significa que Paulo tenha morrido muitas vezes, mas ele arriscou sua vida com frequência em circunstâncias de ameaça de morte (1 Co 15:31, 2 Co 1:8-9, 4:11). Em todos esses terríveis sofrimentos, não há menção dele pedindo a empatia e as orações dos santos – eles provavelmente sabiam pouco ou nada deles. De fato, se não fosse por esses mestres malignos que se infiltraram na assembleia em Corinto, e os coríntios obrigando, então, a Paulo a falar de si mesmo, nunca teríamos sabido dessas experiências; o livro dos Atos não registra essas coisas. J. N. Darby disse: “Estas poucas linhas esboçam a imagem de uma vida de tão absoluta devoção que toca o coração mais frio; faz-nos sentir todo o nosso egoísmo e dobrar o joelho diante d’Ele, que era a Fonte viva da devoção do abençoado apóstolo, diante daqu’Ele cuja glória o inspirou”.
Vemos neste resumo dos sofrimentos de Paulo por Cristo uma prova notável de seu apostolado. Mesmo que seus opositores não o vissem como um verdadeiro apóstolo, é óbvio que Satanás via! Se ele fosse apenas um autônomo que não estivesse fazendo nada para construir a Igreja de Deus, Satanás não teria se preocupado com ele. Mas esse não foi o caso; Satanás lançou todas as perseguições concebíveis contra Paulo para impedi-lo em seu serviço ao Senhor. Não é esta uma prova notável de seu apostolado? Todo verdadeiro servo Cristão sofrerá perseguição se for fiel (2 Tm 3:12), mas é improvável que ela alcance essas proporções apostólicas. E o que esses falsos apóstolos poderiam trazer a esse respeito para provar que eles eram apóstolos de Cristo? Não há sequer registro de que eles sofreram por Cristo!
Vs. 28-31 Talvez o mais difícil de todos os fardos de Paulo fosse seu “o cuidado de todas as igrejas [assembleias]. O Sr. F. B. Hole disse: “Para suportar a fraqueza dos fracos, ouvir uma e outra vez as queixas dos ofendidos, corrigir a tolice dos santos e lutar pela verdade contra os falsos irmãos, tudo isso deve ter sido a maior prova de todas. No entanto, ele o fez.” Apenas pelo fato do quão profundamente Paulo estava preocupado com os santos, já o distinguia de todos os falsos obreiros. Ele verdadeiramente cuidou do bem estar de cada assembleia e deu a vida por elas. Não temos registro de que os falsos mestres de Corinto se importassem tanto com o rebanho de Deus.
Vs. 32-33 – Paulo, então, nos fala de como por um triz escapou em Damasco, sendo descido por seus irmãos “num cesto por uma janela” de sobre a muralha da cidade. Este é o primeiro sofrimento registrado de perseguição que Paulo experimentou (At 9:25). Parece bastante inofensivo e banal quando contrastado com os sofrimentos dramáticos de que vinha falando anteriormente. É um tanto decepcionante, mas serve para ilustrar o ponto de Paulo em não se gloriar de si mesmo. Ele marchou para Damasco com grande pompa e orgulho como um distinto representante do supremo conselho judaico, e saiu fugindo na escuridão como um ladrão caçado. Poderia alguma coisa ser mais humilhante? E por que isso aconteceu? Porque Cristo Se tornou o Objeto de sua vida e a Pessoa que ele agora servia. O leão foi transformado em cordeiro por meio do poder transformador da graça de Deus. Em sua fuga, o Senhor não lhe deu nenhum favor especial – nenhum milagre foi realizado para ele. Foi uma experiência inglória, para dizer o mínimo. Qualquer um que se gloriasse em si mesmo não mencionaria essa experiência humilhante. A narração indica humildade apostólica.
Aqui está uma lição prática para todos os que ministram a Palavra. Se fizermos uma referência pessoal no ministério, é melhor falar de algo que não traz glória a nós mesmos. Mencionar algo que nos deprecia, em vez de nos colocar em uma luz favorável, é a maneira discreta do apóstolo e o exemplo para nós.
É interessante que o Senhor usou os irmãos de Paulo para descê-lo, e esse foi o meio dele ser preservado. Nossos irmãos, que nos conhecem melhor, têm um modo de nos manter humildes, em situações que, de outra forma, ficaríamos inchados. Pode ser uma ou duas palavras dadas a nós, ou alguma ação em nossa direção. Paulo pôde agradecer ao Senhor por ter irmãos em Damasco que fizeram isso por ele. Quando nossos irmãos agem nessa função conosco, geralmente não apreciamos, mas quando refletimos sobre isso mais tarde, frequentemente percebemos que o Senhor estava nisso para nossa preservação.

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