segunda-feira, 3 de setembro de 2018

1) A Certeza da Sublime Condição de Glória Guardada no Céu para Nós, Nos Compele a Viver Agora por Essas Coisas Eternas


1) A Certeza da Sublime Condição de Glória Guardada no Céu para Nós, Nos Compele a Viver Agora por Essas Coisas Eternas

Vs. 1-9 – No capítulo 4, Paulo estava falando de coisas eternas e da possibilidade de perder sua vida como mártir de Cristo. Neste capítulo prossegue, dizendo que, se tal coisa tivesse de acontecer, ele tinha a garantia de que um dia seria glorificado em um corpo completamente transformado, que não seria afetado por doença, decadência e morte. Ele tinha certeza disso porque recebera uma revelação da verdade sobre essas coisas. Portanto, poderia dizer com segurança: “Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus”. Paulo sabia que se morresse em batalha (martírio), haveria uma magnífica condição de glória esperando por ele. Isso o encorajou a lançar sua energia no ministério.
Há duas pequenas expressões que Paulo usa no versículo 1 que aparecem muitas vezes em suas epístolas. São elas: “nós sabemos” e “nós temos”. Estas expressões denotam conhecimento Cristão e possessão Cristã, os quais caracterizam Cristianismo. “Nós sabemos” não é o conhecimento da experiência, ou o conhecimento da instrução, mas o conhecimento adquirido por revelação divina. Os apóstolos receberam revelações pelas quais o conjunto do conhecimento Cristão foi dado à Igreja (1 Co 2:10-16). “Nós temos” refere-se à porção especial (bênçãos) que pertence a todos os Cristãos por meio da obra consumada de Cristo e da presença interior do Espírito de Deus. Quão gratos devemos ser em saber o que sabemos e ter o que temos!
Paulo falou anteriormente da transformação moral que Deus atualmente está operando em nós (cap. 3:18), mas aqui ele fala de uma transformação física que ocorrerá quando o Senhor vier para nós (cap. 5:1). Usando a figura de uma “casa”, Paulo contrasta a condição de nossos corpos agora com o que eles serão num dia vindouro. Ele chama nossos corpos em sua condição atual de um “tabernáculo”, que é uma tenda (uma habitação portátil), porque eles são um alojamento temporário da alma e do espírito. Então, ele fala de nossos corpos quando eles serão glorificados como “um edifício de Deus, uma casa não feita por mãos, eterna nos céus”. Isso significa seu caráter permanente no estado glorificado. O contraste é óbvio; uma tenda deve ser removida em algum momento, mas uma casa é permanente.
Paulo havia dito aos coríntios em sua primeira epístola que essa mudança surpreendente para o estado glorificado ocorreria “num piscar de um olho” (JND) na vinda do Senhor – o Arrebatamento (1 Co 15:23, 51-57). “Não feita por mãos” significa simplesmente “não desta criação” (Hb 9:11). “Nos céus” não significa que Deus já fez nossos corpos glorificados e que eles estão sentados lá no céu desocupados, nos esperando chegar lá, mas sim que o céu é nosso destino, e o estado glorificado é de uma ordem e caráter celestial.
É interessante que a Escritura não diz que recebemos “novos” corpos, embora os Cristãos frequentemente falem isso. Mas os nossos corpos mortais é que são “transformados” para um estado glorificado (1 Co 15:51-52; Fp 3:21; Jó 14:14). Este estado glorificado é uma condição completamente nova, mas não é o recebimento de outro (ou novo) corpo. Dizer que um crente que morre (cujo corpo é enterrado) recebe um novo ou outro corpo quando o Senhor vier, nega a ressurreição. A Escritura indica que os próprios corpos em que vivemos, nos movemos e tivemos nosso ser, serão ressuscitados – embora que em uma condição inteiramente nova de glória. Por isso, temos a certeza da glorificação de nossos corpos, mas não necessariamente a dissolução de nossos corpos, porque “nem todos dormiremos” (1 Co 15:51). Alguns crentes estarão “vivos” na vinda do Senhor e serão “arrebatados” junto com aqueles que serão ressuscitados dentre os mortos naquele momento (1 Ts 4:16-17).
A compreensão da sublime condição de glória, guardada no céu para nós, motivou Paulo a viver para o Senhor e O servir com fervor. Ele disse: “E por isso também gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu”. Nós “gememos” nesses corpos mortais porque eles estão sofrendo dos efeitos do pecado na criação. As dores e mágoas que experimentamos em nossos corpos nos lembram constantemente de que ainda não estamos em casa. O Senhor deseja que tais experiências tenham o efeito de diminuir nosso apego às coisas daqui e de voltar nossos espíritos em direção a nosso lar. Por isso, nesses capítulos, Paulo toca em duas coisas que produzem o correto desejo de ser “revestido” com nossos corpos glorificados: as coisas que são “eternas” que contemplamos pela fé (cap. 4:18), e os gemidos que experimentamos em nossos corpos mortais (cap. 5:2, 4).
O gemido aqui não é porque os desejos da carne não podem ser satisfeitos, nem porque temos algum medo ou incerteza de sermos aceitos diante de Deus em Cristo, mas porque a nova vida anseia pelo estado final (glorificado). O corpo em seu estado presente tende a entristecer a nova vida, e isso pode de algum modo impedir a alma de desfrutar da glória que a nova vida vê e deseja. Embora não seja errado gemer nesses corpos, é errado murmurar. Não há lugar para reclamação no Cristianismo (Fp 2:14; Jd 16).
Vs. 3-4 – Já que seremos “vestidos” com corpos glorificados, temos a bendita certeza de que não seremos encontrados “nus”. Nus é um termo que Paulo usa para denotar o estado de uma pessoa que está eternamente perdida sem uma cobertura para seu pecado.
Paulo acrescenta que não procuramos estar “despidos”, mas sim “revestidos”. Despido é outro termo que usa para descrever a alma e o espírito do crente no estado de morte desencarnado (intermediário). Não ansiamos por isso porque a morte não é nossa esperança. A postura Cristã apropriada é esperar o Senhor vir e nos transformar em seres glorificados. Estamos esperando Cristo para “vivificar” nossos “corpos mortais”, não para ressuscitar nossos corpos mortos (Rm 8:11). Daí vem o gracejo frequentemente usado: “Estamos esperando pelo Agente celestial, não por um agente funerário”.
Vs. 4-5 – Neste ínterim, enquanto esperamos que o “mortal” seja “absorvido pela vida”, Deus nos deu “o penhor do Espírito”. Isso se refere ao Espírito de Deus habitando em nossos corpos como uma promessa de que Deus vai completar o que Ele já começou. O processo de transformação começou em nossas almas e espíritos (cap. 3:18), mas naquele dia nossos corpos também serão transformados. O Espírito de Deus habita em nós, não apenas para nos dar a garantia de alcançarmos o estado glorificado, mas também para nos dar um gozo presente das coisas futuras. Assim, Ele nos dá uma amostra das coisas celestiais em que iremos viver por toda a eternidade, enquanto ainda estamos aqui na Terra.
Vs. 6-8 – Esse entendimento proporcionou a Paulo estar “sempre de bom ânimo” em servir ao Senhor. A KJV diz: “Em casa no corpo..., mas deveria ser traduzido como “presente no corpo”. Viver em nossos corpos mortais em seu estado atual não é lar para o crente; como já mencionado, é um estado temporário. Somos estrangeiros e peregrinos neste mundo, e nossos corpos são apenas um tabernáculo (tenda); ainda não estamos em casa. Nem a Escritura chama de lar o estado intermediário de almas e espíritos desencarnados com Cristo. Costumamos dizer: “Fulano de tal foi para casa para estar com o Senhor”. Entendemos o que quer dizer, mas a Escritura não chama este estado de casa bem aventurada. Lar, para o crente, é o estado final quando ele estiver glorificado. Aqueles no estado desencarnado estão esperando por aquele dia, como nós estamos – mas eles estão em uma “sala de espera” mais brilhante, por assim dizer. Quando o Senhor vier, todos nós iremos juntos para a casa do Pai (Jo 14:2-3).
Em um pequeno parêntese (v. 7), Paulo diz: “Porque andamos por fé, e não por vista”. Isso significa simplesmente que ele estava vivendo para as coisas eternas agora. É necessário primeiro ver as coisas eternas pela fé (cap. 4:18) antes que se possa andar nelas pela fé.
Embora “partir e estar com Cristo” (Fp 1:23) por meio da morte não seja a esperança do Cristão, é uma opção. Se Deus escolhe isso para nós, deveríamos “desejar antes deixar este corpo”, pois então iríamos “habitar com o Senhor” no estado desencarnado. E sabemos que isso é “muito melhor” do que estar agora em nossos corpos mortais (Fp 1:23).
V. 9 – O efeito prático de tudo isso é que Paulo trabalhou (esforçou-se) para ser aceitável ou agradável para Ele que o chamou para o serviço. Novamente, a KJV traduz “aceitos por Ele”. Isto não é muito correto, porque as Escrituras dizem que somos “aceitos no Amado” (Ef 1:6 – KJV). Não labutamos para ser aceitos porque já fomos aceitos. A interpretação correta deveria ser “agradável [ou aceitável] a Ele”. Seu ponto é que ele trabalhou para ser agradável ou prazeroso ao Senhor, e a condição vindoura de glória o motivou para esse fim. Isso age como uma transição adequada para o próximo ponto de Paulo sobre o tribunal de Cristo.
Nesta passagem, Paulo falou de três condições do crente e uma condição dos incrédulos. A primeira é nossa vida atual na Terra em nossos corpos mortais – “presentes no corpo”. O segundo é o estado desencarnado, quando a alma e o espírito partem para estar com Cristo – “despidos”. A terceira é a consumação de nossa salvação quando nossos corpos serão glorificados na vinda do Senhor (o Arrebatamento) – “vestidos”. O primeiro estado é bom (se for vivido em comunhão com Deus), o segundo é melhor, mas o terceiro é o melhor. A quarta condição que ele menciona (“nu”) pertence puramente ao incrédulo.
Um resumo desses termos é o seguinte:

  • “Presente no corpo” – vida vivida na Terra em nossa condição atual.
  • “Despido” – a alma e o espírito do crente desencarnado no estado intermediário de felicidade.
  • “Vestido” – o crente glorificado em um estado inteiramente novo.
  • “Nu” – uma pessoa perdida eternamente sem cobertura para o pecado.


Assim, a antecipação da condição vindoura de glória guardada no céu para todos os redimidos compeliu Paulo a viver para as coisas eternas enquanto esteve aqui neste mundo. Isso fará o mesmo em todo Cristão de mente sensata. O fato de não estarmos neste mundo para ficar e de não podermos guardar as coisas temporais que vemos ao nosso redor, deveria nos motivar a viver para as coisas eternas. O processo de decadência nesses corpos mortais já começou, e deveria nos lembrar de que não vamos ficar aqui para sempre – especialmente quando as dores e mágoas aumentam com a idade. Nós não temos muito tempo para viver neste mundo e deveríamos orar, como Moisés fez: “Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios” (Sl 90:12). Sabedoria deveria nos dirigir a vivermos para as coisas eternas agora.

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