Os Frutos de Dar
Capítulo 9:6-15 – Paulo conclui suas observações sobre a oferta
Cristã falando das coisas positivas que esse ministério produz. Ele os chama de
“os frutos da vossa justiça” (v. 10).
Isso foi mencionado para encorajar os coríntios (e nós) a dar generosamente.
Vs. 6-8 – A primeira coisa é que o próprio doador é aumentado em
qualquer forma que Deus possa escolher recompensá-lo. Paulo traz o princípio do
governo de Deus e mostra que ele funciona tanto em uma linha positiva, quanto
em uma linha negativa. Ele se refere às leis naturais da agricultura para
ilustrar isso. “O que semeia
pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância também
ceifará [bênçãos]”. Seu argumento é simples: se semearmos com mão moderada em nossas
ofertas, nossa colheita será escassa; inversamente, se semearmos com mão generosa,
nossa bênção será abundante. É preciso fé para ver e agir assim.
Também deve ser notado que Paulo não diz exatamente que o doador
colherá em riqueza secular, mas em “bênção”.
Isto poderia ser tanto em sentido espiritual quanto temporal. Muitos Cristãos
tropeçaram pela falsa ideia de que se eles doassem à causa de alguma
organização de uma igreja, eles acumulariam riqueza material para si mesmos.
Mas isso é cobiça. As pessoas têm sido encorajadas pelos pregadores a fazerem
isso e, quando não juntam a consequente riqueza prometida, muitas vezes ficam
desiludidas. Na dispensação judaica, podia ser assim (Pv 3:9-10), porque a
porção deles era herdar a terra (Sl 37:22, 29), mas importar esse princípio
para o Cristianismo é um erro. Paulo não estava encorajando os santos a serem
cobiçosos.
Ele acrescenta que a única coisa que Deus requer de nós é um
espírito correto em dar. No versículo 7 ele fala de três tipos de doadores cujos espíritos são muito diferentes.
Existem aqueles que fazem isso:
- “Relutantemente” (KJV) – sendo forçados.
- “Por necessidade” – sendo obrigados a fazê-lo.
- “Com alegria” – de coração disposto.
Paulo lembra-lhes do poder soberano de Deus para recompensar aqueles
que dá. Ele diz: “E Deus é poderoso para fazer abundar em vós
toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis
em toda a boa obra”. Nosso
Deus é um Deus da providência, e Ele pode fazer as coisas acontecerem em nossas
vidas para nos compensar as coisas temporais que temos dado aos outros. Mais
uma vez, Paulo toma cuidado para não ir além disso dizendo que ficaremos ricos.
Vs. 9-10 – Outro fruto da doação Cristã é que o doador colhe a
recompensa duradoura da “justiça”.
Se os versículos 6-8 têm a ver com a presente
recompensa de bênção (espiritual ou material) nesta vida, este fruto tem a ver
com uma recompensa futura no reino de
Cristo. Paulo cita o Salmo 112:9; “Distribui
liberalmente, dá aos necessitados; A sua justiça subsiste para sempre; O seu
poder será exaltado em honra” (ATB). “Para
sempre”, no Velho Testamento, significa enquanto o tempo durar; não inclui
a eternidade. Por isso, o Senhor recompensará tais atos de bondade (“com justiça” – Ap 19:8), e eles serão
levados para o reino Milenar. Deus é capaz de “multiplicar” nossa “sementeira”
e, assim, “aumentar os frutos” de
nossa “justiça”.
Vs. 11-12 – Outro grande resultado da doação liberal entre os
santos é que ela faz “que
por nós se deem graças a Deus”.
Assim, não apenas os santos são ajudados pela oferta prática, mas Deus é
glorificado. A oferta pode ser dada uma vez, mas os que a recebem agradecerão a
Deus “muitas” vezes por isso. Assim,
por meio da nossa doação, nós realmente ajudamos a aumentar a quantidade de
louvor a Deus!
Vs. 13-15 – Outro resultado da doação Cristã é que os santos são
aproximados em afeição. Assim, há uma ligação prática dos membros do corpo de
Cristo em amor. Mesmo que os pobres não possam retribuir aqueles que lhes dão,
tais atos de graça atraem as afeições dos que recebem pelos que doam, e
retornam a bondade orando por eles. Paulo diz que a “liberalidade
dos dons” dos coríntios em relação aos pobres na Judéia resultaria em “sua oração por vós”. Assim, haveria uma ligação mútua entre os
santos nos laços do amor.
A sabedoria de Deus é vista aqui ao permitir que os Cristãos judeus
entrem em dificuldades. Isso criou uma oportunidade para demonstrar a verdade
do um só corpo, porque tanto os judeus como os gentios haviam sido reunidos em
um corpo pelo Espírito Santo. Se a tendência natural do preconceito judaico
ainda estivesse à espreita nas suas mentes em relação aos gentios, essa
situação dava a oportunidade para que esses pensamentos fossem julgados. Esta
oferta deve ter tocado os corações dos santos judeus na Judéia e fez com que os gentios se tornassem amados por eles. Isso
deve ter produzido uma ligação prática entre os dois.
Essa evidência de unidade prática no corpo de Cristo resultaria em um poderoso
testemunho perante o mundo. “Nisto todos conhecerão que sois Meus discípulos,
se vos amardes uns aos outros” (Jo 13:35). Também deu aos crentes judeus evidência em
primeira mão de que os gentios realmente haviam recebido o evangelho e foram
verdadeiramente convertidos a Deus.
V. 15 – Paulo encerra seu assunto sobre doações Cristãs com uma pequena
doxologia de louvor: “Graças a Deus
pois pelo Seu dom inefável”. Ele menciona isto para mostrar que talvez a maior coisa que
resulta da oferta Cristã é que há uma apreciação mais profunda entre os santos por
Cristo Mesmo – o “dom inefável” de
Deus. Quando percebemos que essas expressões de amor mútuo e cuidado uns pelos
outros eram por causa d’Ele, Ele Se torna mais precioso para nós – e isto
resulta em mais ações de graças a Deus. Que resultado maravilhoso é esse!
Paulo começou sua exposição sobre a doação Cristã com o exemplo do
dom do próprio Senhor (cap. 8:9), e
agora ele conclui com o exemplo do dom de Deus,
Seu Filho. Ele é o maior presente de todos; nenhum presente poderia ser maior.
Em resumo, os grandes resultados da doação Cristã são:
- Aquele que doa é recompensado nesta vida (vs. 6-8).
- Aquele que doa é recompensado no futuro (vs. 9-10).
- Deus recebe louvor e glória (v. 11).
- Os que recebem são ajudados em suas necessidades temporais (v. 12).
- Orações são feitas pelos que doam (vs. 13-14).
- Os membros do um só corpo são unidos em amor mútuo (vs. 13-14).
- Resulta uma apreciação mais profunda do dom inefável de Deus – Cristo (v. 15).
Nenhum comentário:
Postar um comentário