segunda-feira, 3 de setembro de 2018

3) O Amor de Cristo nos Constrange a Vivermos para Ele que Morreu por Nós e Novamente Ressuscitou


3) O Amor de Cristo nos Constrange a Vivermos para Ele que Morreu por Nós e Novamente Ressuscitou

Vs. 14-21 – Isso leva Paulo a falar de uma terceira grande força motivadora em sua vida e ministério. Ele foi movido pelo “amor de Cristo”. Que grandioso poder é esse! Sua vida de devoção a um serviço incansável pode ter parecido insanidade para seus críticos, mas foi realmente resultado do poder constrangedor do amor de Cristo.
Paulo não estava falando de seu amor por Cristo, mas sim do amor de Cristo por ele. O poder desse amor o havia capturado de tal maneira que alterou completamente o curso de sua vida. Não é a glória de Cristo à destra de Deus que está diante de nós aqui (como no capítulo 3:18), mas “o amor de Cristo” que O levou a morrer. Ele morreu não apenas para tirar nossos pecados, mas também para transformar todo o propósito de nossa existência neste mundo. Ao dizer: “julgando nós assim: que, se Um morreu por todos, logo todos morreram”, Paulo estava afirmando que, uma vez que Cristo teve de morrer por toda a humanidade, é uma prova de que toda a raça estava em uma condição de morte espiritual – todos eram apenas homens mortos diante de Deus (Ef 2:1, 5). Não obstante Ele “morreu por todos”; o efeito de Sua morte foi alterar o curso da vida daqueles que creem.
V. 15 – Aqueles que foram vivificados do estado da morte espiritual (mencionados no versículo 14) devem encontrar no Cristo ressuscitado o Objetivo e o Fim da nova vida que eles agora vivem. Antes da conversão, tudo na vida de um homem gira em torno de seus próprios interesses, mas quando Cristo é seu Salvador e Senhor, há um motivo inteiramente novo para viver em sua vida. O objetivo e propósito de sua vida são os interesses de Cristo. Este foi o caso de Paulo e daqueles que trabalharam com ele, e este deveria ser o caso de todo Cristão de coração sincero. O poderoso amor de Cristo o constrangeu a não viver para si mesmo, mas para aqu’Ele que morreu e ressuscitou. Vemos a partir disso que realmente existem apenas duas maneiras nas quais os Cristãos podem viver: “para si mesmos” ou “para Ele”. Não podemos fazer nada sobre o modo como vivemos nossas vidas Cristãs no passado. Se foi para nós mesmos, o que foi feito não pode ser mudado, mas todos nós temos um “daqui por diante”. Há o “tempo que vos resta” (1 Pe 4:2); a grande questão para nós é o que faremos com esse tempo. As escolhas que fazemos em nossas vidas daqui em diante refletirão onde estão nossas afeições.

Por isso, nesses capítulos, tivemos:

  • A transformação do nosso caráter moral (cap. 3:18).
  • A transformação de nossos corpos (cap. 5:1-4).
  • A transformação do nosso propósito em viver (cap. 5:14-15).

Vs. 16-17 – Paulo mostra que a vida que ele agora vivia estava em uma esfera inteiramente nova. Quando o Senhor ressuscitou dos mortos, Ele deixou para trás a esfera que pertencia à existência natural da carne e Se tornou a Cabeça de uma raça de uma “nova criação” de homens (Cl 1:18; Ap 3:14). Como crentes, somos parte dessa nova raça, e nossos vínculos uns com os outros nessa nova esfera não estão mais nas linhas das relações e interesses naturais. Paulo diz: “daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne”. Isso não significa que não tenhamos mais relacionamentos e interesses naturais, mas que, nas coisas espirituais (comunhão e ministério Cristãos), nossas ligações uns com os outros são em linhas espirituais. Assim, nossa comunhão na nova criação não é baseada em nós tendo interesses similares naturais em recreação, artes e música, relações familiares, diferenças nacionais, etc.
Além disso, como Cristãos, nosso relacionamento com o Senhor não está nas linhas terrenas – como Ele foi para Israel como seu Messias. Paulo diz: “e, ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo agora já O não conhecemos deste modo. Como Cabeça de uma raça de nova criação, conhecemos o Senhor de uma maneira nova e diferente. O Senhor indicou isso a Maria quando Ele ressuscitou dos mortos, dizendo: “Não Me detenhas, porque ainda não subi para Meu Pai” (Jo 20:17). A relação que Maria e os outros discípulos tinham com o Senhor antes de Sua morte (como o Messias de Israel) agora já não era mais. Havia uma nova relação de criação prestes a ser estabelecida para os crentes com Ele em conexão com Sua ressurreição e ascensão. Paulo traz este fato aqui porque os falsos apóstolos que estavam circulando entre os coríntios estavam ministrando em linhas judaicas com uma esperança judaica segundo a velha ordem das coisas.
Problemas surgiram no testemunho Cristão porque os Cristãos não entenderam que eles são uma nova criação em Cristo. Eles criaram igrejas onde as relações entre eles são baseadas em “coisas velhas” e interesses naturais. O resultado tem sido a formação de partidos e facções dentro da Igreja de Deus que são puramente alinhadas com nossos gostos e desgostos naturais.
Em Efésios 2, Paulo afirma que fomos “criados em Cristo Jesus” (Ef 2:10). Paulo aqui o amplia dizendo, “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é [criação] – tudo da velha ordem “passou” e “eis que tudo se fez novo”. Isso não significa que quando uma pessoa é salva, ela não tenha mais uma natureza caída pecaminosa, as luxúrias e velhos hábitos que a acompanham. Muitos novos convertidos erroneamente pensaram que isso aconteceria quando eles fossem salvos, e se desiludiram quando descobriram que ainda têm aqueles desejos pecaminosos. Mas isso não é o que Paulo está descrevendo aqui. Ele está falando da nova posição e esfera na qual o crente está agora; o estado moral e a prática do crente são outra coisa completamente diferente. O equívoco vem do confundir posição Cristã e prática Cristã.
Vs. 18-21 – Por isso, Paulo diz: “E tudo isto provém de Deus” – isto é, todas as coisas na nova criação têm sua origem no próprio Deus. Os crentes hoje estão esperando pela plenitude da nova criação. Nossas almas e espíritos estão na nova criação, mas nossos corpos esperam ser trazidos a ela na vinda do Senhor (o Arrebatamento). Paulo falou dessa notável mudança em nossos corpos no início deste capítulo, e faz novamente em 1 Coríntios 15:51-57 e Filipenses 3:20-21.
O Cristianismo deve ser conhecido por todos os homens pelas vidas transformadas dos crentes (cap. 3:18), e pela proclamação das grandes verdades do evangelho (cap. 5:18-21). Por isso, ao reconciliar os homens a Ele mesmo, Deus nos deu “o ministério da reconciliação”. Quando Cristo esteve aqui na Terra, Deus operou por meio d’Ele com o objetivo de “reconciliar Consigo o mundo” (João 5:17). Naquele momento, Ele não estava “lhes imputando os seus pecados [ofensas]porque Cristo não veio “para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele” (Jo 3:17). Mas desde que Cristo voltou para o céu, Deus “confiou a palavra da reconciliação” (ARA) aos crentes. As pessoas redimidas são as únicas que podem levar corretamente a mensagem da reconciliação ao mundo porque experimentaram pessoalmente a graça de Deus. Esse privilégio não foi confiado aos anjos eleitos porque eles nunca conheceram a graça de Deus dessa maneira. Essas coisas eram tão prementes a Paulo que ele tinha pressa em sua pregação aos outros.
Como “embaixadores da parte de Cristo”, Deus usou Paulo e os que estavam com ele para pregar a mensagem: “que vos reconcilieis a Deus” (KJV). O versículo 20 nos dá:

  • Os mensageiros – “Somos embaixadores”.
  • Os meios“como se Deus por nós rogasse”.
  • A mensagem“sejamos reconciliados a Deus” – (JND)

Na tradução Almeida o pronome “vos” (mencionado duas vezes) foi colocado no texto erroneamente, como se Paulo estivesse rogando aos coríntios que se reconciliassem a Deus, o que é sem sentido, porque eles, como crentes, já estavam reconciliados a Deus. O versículo deveria simplesmente dizer: “Deus rogou por nós, rogamos-vos por Cristo, sejamos reconciliados a Deus” – (JND). Paulo e seus cooperadores eram apenas instrumentos (canais) que Deus usou no chamado aos pecadores para Si mesmo.
V. 21 – O apóstolo explica então a base sobre a qual Deus reconcilia pecadores Consigo mesmo; é um resultado de Seu próprio ato realizado na morte de Cristo. Deus tinha o Senhor Jesus para ficar no lugar do crente por meio do qual foi “feito pecado por nós”. Ele foi tratado como o próprio pecado sob o julgamento de Deus. Como isto poderia ser possível, desafia toda explicação lógica, e assim é melhor deixar como a Escritura o coloca. O que sabemos é que na cruz Ele Se tornou a grande oferta pelo pecado [Is 53:10 – “uma oferta pelo pecado” (ATB); Rm. 8:3] que satisfez as exigências da justiça divina e, portanto, é o meio pelo qual Deus poderia revelar-Se em bênção para o homem. O resultado para o crente é “que n’Ele fôssemos feitos justiça de Deus”. Esse versículo tem uma dupla antítese: o inocente sendo feito pecado, e os injustos sendo feitos justos em Cristo.
Olhando para este terceiro fator motivador na vida e ministério de Paulo, podemos ver que o “amor de Cristo” o havia capturado de tal forma que alterou o curso de sua vida de maneira plena. Isso o constrangeu a viver pela causa de Cristo – e pode fazer o mesmo conosco. Podemos não ver a evidência do poder constrangedor do amor de Cristo na vida de todos os crentes, como vemos em Paulo, mas isto não é porque o Seu amor carece de poder para movê-los; é porque não vivem perto d’Ele o suficiente para sentir Seu efeito constrangedor. Um enorme imã com bastante poder de atração não irá pegar o menor objeto de ferro se o objeto estiver muito longe do imã. Se andarmos perto do Senhor, sentiremos o poder impressionante de Seu grandioso amor e isso nos constrangerá como aconteceu com o apóstolo Paulo. Isso nos levará a desistir de nossas próprias ambições e a tomar um curso de abnegação, que resultará no compromisso com a causa de Cristo neste mundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário