3) O Amor de Cristo nos Constrange a
Vivermos para Ele que Morreu por Nós e Novamente Ressuscitou
Vs. 14-21 –
Isso leva Paulo a falar de uma terceira grande força motivadora em sua vida e
ministério. Ele foi movido pelo “amor de
Cristo”. Que grandioso poder é esse! Sua vida de devoção a um serviço
incansável pode ter parecido insanidade para seus críticos, mas foi realmente
resultado do poder constrangedor do amor de Cristo.
Paulo
não estava falando de seu amor por Cristo, mas sim do amor de Cristo por ele. O
poder desse amor o havia capturado de tal maneira que alterou completamente o
curso de sua vida. Não é a glória de Cristo à destra de Deus que está diante de
nós aqui (como no capítulo 3:18), mas “o
amor de Cristo” que O levou a morrer. Ele morreu não apenas para tirar
nossos pecados, mas também para transformar todo o propósito de nossa existência
neste mundo. Ao dizer: “julgando nós
assim: que, se Um morreu por todos, logo todos morreram”, Paulo estava
afirmando que, uma vez que Cristo teve de morrer por toda a humanidade, é uma
prova de que toda a raça estava em uma condição de morte espiritual – todos
eram apenas homens mortos diante de Deus (Ef 2:1, 5). Não obstante Ele “morreu por todos”; o efeito de Sua
morte foi alterar o curso da vida daqueles que creem.
V.
15 – Aqueles que foram vivificados do estado da morte espiritual (mencionados
no versículo 14) devem encontrar no Cristo ressuscitado o Objetivo e o Fim da
nova vida que eles agora vivem. Antes da conversão, tudo na vida de um homem
gira em torno de seus próprios interesses, mas quando Cristo é seu Salvador e
Senhor, há um motivo inteiramente novo para viver em sua vida. O objetivo e
propósito de sua vida são os interesses de Cristo. Este foi o caso de Paulo e
daqueles que trabalharam com ele, e este deveria ser o caso de todo Cristão de
coração sincero. O poderoso amor de Cristo o constrangeu a não viver para si
mesmo, mas para aqu’Ele que morreu e ressuscitou. Vemos a partir disso que
realmente existem apenas duas maneiras nas quais os Cristãos podem viver: “para si mesmos” ou “para Ele”. Não podemos fazer nada
sobre o modo como vivemos nossas vidas Cristãs no passado. Se foi para nós
mesmos, o que foi feito não pode ser mudado, mas todos nós temos um “daqui por diante”. Há o “tempo que vos resta” (1 Pe 4:2); a
grande questão para nós é o que faremos com esse tempo. As escolhas que fazemos
em nossas vidas daqui em diante refletirão onde estão nossas afeições.
Por
isso, nesses capítulos, tivemos:
- A transformação do nosso caráter moral (cap. 3:18).
- A transformação de nossos corpos (cap. 5:1-4).
- A transformação do nosso propósito em viver (cap. 5:14-15).
Vs.
16-17 – Paulo mostra que a vida que ele agora vivia estava em uma esfera
inteiramente nova. Quando o Senhor ressuscitou dos mortos, Ele deixou para trás
a esfera que pertencia à existência natural da carne e Se tornou a Cabeça de
uma raça de uma “nova criação” de
homens (Cl 1:18; Ap 3:14). Como crentes, somos parte dessa nova raça, e nossos
vínculos uns com os outros nessa nova esfera não estão mais nas linhas das
relações e interesses naturais. Paulo diz: “daqui
por diante a ninguém conhecemos segundo a carne”. Isso não significa que
não tenhamos mais relacionamentos e interesses naturais, mas que, nas coisas
espirituais (comunhão e ministério Cristãos), nossas ligações uns com os outros
são em linhas espirituais. Assim, nossa comunhão na nova criação não é baseada
em nós tendo interesses similares naturais em recreação, artes e música,
relações familiares, diferenças nacionais, etc.
Além
disso, como Cristãos, nosso relacionamento com o Senhor não está nas linhas
terrenas – como Ele foi para Israel como seu Messias. Paulo diz: “e, ainda que também tenhamos conhecido
Cristo segundo a carne, contudo agora já O não conhecemos deste modo”. Como Cabeça de uma
raça de nova criação, conhecemos o Senhor de uma maneira nova e diferente. O
Senhor indicou isso a Maria quando Ele ressuscitou dos mortos, dizendo: “Não Me detenhas, porque ainda não subi
para Meu Pai” (Jo 20:17). A relação que Maria e os outros discípulos tinham
com o Senhor antes de Sua morte (como o Messias de Israel) agora já não era
mais. Havia uma nova relação de criação prestes a ser estabelecida para os
crentes com Ele em conexão com Sua ressurreição e ascensão. Paulo traz este
fato aqui porque os falsos apóstolos que estavam circulando entre os coríntios
estavam ministrando em linhas judaicas com uma esperança judaica segundo a velha
ordem das coisas.
Problemas
surgiram no testemunho Cristão porque os Cristãos não entenderam que eles são
uma nova criação em Cristo. Eles criaram igrejas onde as relações entre eles
são baseadas em “coisas velhas” e
interesses naturais. O resultado tem sido a formação de partidos e facções
dentro da Igreja de Deus que são puramente alinhadas com nossos gostos e
desgostos naturais.
Em
Efésios 2, Paulo afirma que fomos “criados
em Cristo Jesus” (Ef 2:10). Paulo aqui o amplia dizendo, “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é [criação]” – tudo da
velha ordem “passou” e “eis que tudo se fez novo”. Isso não
significa que quando uma pessoa é salva, ela não tenha mais uma natureza caída
pecaminosa, as luxúrias e velhos hábitos que a acompanham. Muitos novos
convertidos erroneamente pensaram que isso aconteceria quando eles fossem
salvos, e se desiludiram quando descobriram que ainda têm aqueles desejos
pecaminosos. Mas isso não é o que Paulo está descrevendo aqui. Ele está falando
da nova posição e esfera na qual o crente está agora; o estado moral e a
prática do crente são outra coisa completamente diferente. O equívoco vem do
confundir posição Cristã e prática Cristã.
Vs.
18-21 – Por isso, Paulo diz: “E tudo isto provém de Deus” – isto é,
todas as coisas na nova criação têm sua origem no próprio Deus. Os crentes hoje
estão esperando pela plenitude da nova criação. Nossas almas e espíritos estão
na nova criação, mas nossos corpos esperam ser trazidos a ela na vinda do
Senhor (o Arrebatamento). Paulo falou dessa notável mudança em nossos corpos no
início deste capítulo, e faz novamente em 1 Coríntios 15:51-57 e Filipenses
3:20-21.
O
Cristianismo deve ser conhecido por todos os homens pelas vidas transformadas
dos crentes (cap. 3:18), e pela proclamação das grandes verdades do evangelho (cap.
5:18-21). Por isso, ao reconciliar os homens a Ele mesmo, Deus nos deu “o ministério da reconciliação”. Quando
Cristo esteve aqui na Terra, Deus operou por meio d’Ele com o objetivo de “reconciliar Consigo o mundo” (João
5:17). Naquele momento, Ele não estava “lhes
imputando os seus pecados [ofensas]”
porque Cristo não veio “para
que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele” (Jo 3:17).
Mas desde que Cristo voltou para o céu, Deus “confiou a palavra da reconciliação” (ARA) aos crentes. As pessoas
redimidas são as únicas que podem levar corretamente a mensagem da
reconciliação ao mundo porque experimentaram pessoalmente a graça de Deus. Esse
privilégio não foi confiado aos anjos eleitos porque eles nunca conheceram a
graça de Deus dessa maneira. Essas coisas eram tão prementes a Paulo que ele
tinha pressa em sua pregação aos outros.
Como
“embaixadores da parte de Cristo”,
Deus usou Paulo e os que estavam com ele para pregar a mensagem: “que vos reconcilieis a Deus” (KJV). O
versículo 20 nos dá:
- Os mensageiros – “Somos embaixadores”.
- Os meios – “como se Deus por nós rogasse”.
- A mensagem – “sejamos reconciliados a Deus” – (JND)
Na
tradução Almeida o pronome “vos” (mencionado duas vezes) foi colocado no texto
erroneamente, como se Paulo estivesse rogando aos coríntios que se
reconciliassem a Deus, o que é sem sentido, porque eles, como crentes, já
estavam reconciliados a Deus. O versículo deveria simplesmente dizer: “Deus rogou por nós, rogamos-vos por Cristo, sejamos reconciliados a Deus” – (JND). Paulo e seus
cooperadores eram apenas instrumentos (canais) que Deus usou no chamado aos
pecadores para Si mesmo.
V.
21 – O apóstolo explica então a base sobre a qual Deus reconcilia pecadores
Consigo mesmo; é um resultado de Seu próprio ato realizado na morte de Cristo.
Deus tinha o Senhor Jesus para ficar no lugar do crente por meio do qual foi “feito pecado por nós”. Ele foi tratado
como o próprio pecado sob o julgamento de Deus. Como isto poderia ser possível,
desafia toda explicação lógica, e assim é melhor deixar como a Escritura o
coloca. O que sabemos é que na cruz Ele Se tornou a grande oferta pelo pecado [Is
53:10 – “uma oferta pelo pecado” (ATB);
Rm. 8:3] que satisfez as exigências da justiça divina e, portanto, é o meio
pelo qual Deus poderia revelar-Se em bênção para o homem. O resultado para o
crente é “que n’Ele fôssemos feitos
justiça de Deus”. Esse versículo tem uma dupla antítese: o inocente sendo
feito pecado, e os injustos sendo feitos justos em Cristo.
Olhando
para este terceiro fator motivador na vida e ministério de Paulo, podemos ver
que o “amor de Cristo” o havia
capturado de tal forma que alterou o curso de sua vida de maneira plena. Isso o
constrangeu a viver pela causa de Cristo – e pode fazer o mesmo conosco.
Podemos não ver a evidência do poder constrangedor do amor de Cristo na vida de
todos os crentes, como vemos em Paulo, mas isto não é porque o Seu amor carece
de poder para movê-los; é porque não vivem perto d’Ele o suficiente para sentir
Seu efeito constrangedor. Um enorme imã com bastante poder de atração não irá
pegar o menor objeto de ferro se o objeto estiver muito longe do imã. Se
andarmos perto do Senhor, sentiremos o poder impressionante de Seu grandioso
amor e isso nos constrangerá como aconteceu com o apóstolo Paulo. Isso nos
levará a desistir de nossas próprias ambições e a tomar um curso de abnegação,
que resultará no compromisso com a causa de Cristo neste mundo.
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