Um Apóstolo de Cristo tem Poder Especial no Ministério para
Livrar Pessoas das Ideias Falsas e Produzir Nelas a Obediência de Cristo
Capítulo 10:1-6 – A primeira marca distintiva
de um verdadeiro apóstolo que Paulo aponta é que ele foi dotado com poder especial de Deus no ministério para livrar pessoas
das suas ideias falsas e produzir nelas “a obediência de Cristo” (v. 5). Os inimigos de Paulo o acusaram de
andar “segundo a carne” e usar
métodos “carnais” em seu serviço,
supondo que fosse um homem carnal (v. 2). Ele faz defesa contra isso e, ao mesmo
tempo, usa a oportunidade para mostrar os verdadeiros meios do ministério
apostólico.
Vs. 1-2 – Expor esses opositores era uma
questão delicada, porque poderia ser interpretado que Paulo estava utilizando
as mesmas táticas que usaram contra ele. Por isso, sua defesa deveria ser feita
em um espírito correto. Portanto, ele sabiamente abordou o assunto em “mansidão e benignidade de Cristo”. Em
outra passagem Paulo disse: “E ao servo do
Senhor não convém contender, mas sim ser manso para com todos, apto para
ensinar, sofredor; instruindo com mansidão os que resistem” (2 Tm 2:24-25). Isso é algo que devemos
lembrar quando temos de enfrentar oposição. “Mansidão” tem a ver com o caráter
de uma pessoa; “benignidade” tem a
ver com as maneiras de uma pessoa. Se
formos mansos, não ofenderemos; se formos benignos, alcançaremos o coração
daqueles a quem falamos.
Paulo reconhece que não tinha aparência nem personalidade que os gregos
mundanos admiravam, sendo “humilde”
na presença, embora tivesse sido “ousado”
para com eles na escrita de sua primeira carta. Seus opositores viram isso como
uma tática carnal de intimidação, portanto, ele explica por que houve essa
mudança em relação a eles. Antes em sua história, quando estava lá com eles (At
18), a assembleia estava indo adequadamente bem, e não havia necessidade de
falar-lhes severamente. Mas depois, quando ele os deixou, a assembleia entrou
em terrível mal e desordem. Daí surgiu a necessidade de falar-lhes firmemente.
Isso foi uma coisa tão óbvia que Paulo passa a tratar com a acusação que lhe
fizeram de andar “segundo a carne”.
Ao abordar isso, ele deixa claro que sua ousadia era realmente “contra alguns” (KJV), distinguindo
assim os difamadores
do resto dos coríntios.
Vs. 3-5 – A resposta de Paulo foi que, enquanto ele e seus
cooperadores “andam em carne” (JND),
eles “não militam segundo a carne”.
Paulo usa a palavra “carne” de duas
formas aqui. A primeira descreve a fragilidade humana de todos os homens. Paulo
(como todos os outros homens) andou como tal. A segunda é uma referência à
velha natureza pecaminosa, e Paulo não travaria o combate Cristão de acordo com
os métodos carnais e mundanos daquela natureza caída. (Note a ausência do
artigo “a” quando se fala do primeiro uso da palavra “carne”, e a presença dele no segundo. Isto é bastante consistente
ao longo das epístolas na Tradução J. N. Darby.) Armas
carnais não podem subjugar a carne tanto quanto Satanás não pode expulsar
Satanás. O combate Cristão, por outro lado, é uma
batalha espiritual, combatida por meios espirituais. As “armas” desse combate – a Palavra de Deus e a oração – são “sim poderosas em Deus”.
Muitos dos trabalhos apostólicos de Paulo no ministério envolveram
a “destruição” das “fortalezas” espirituais do inimigo.
Estas são ideias e crenças errôneas que estão obstinadamente alojadas nas
mentes dos homens, que Satanás usa para mantê-los longe do conhecimento da
verdade. Tais “conselhos [raciocínios – ATB] e toda altivez” levantam-se contra “o conhecimento de Deus”, e assim impedem a pessoa de ver a
verdade. Essas fortalezas precisam ser derrubadas se os homens vão ser
abençoados, e isso não pode ser feito por argumentos carnais (2 Tm 2:14). A
apresentação da verdade no poder do Espírito é o que derruba essas ideias
falsas. Embora todo ministro Cristão use essas armas espirituais (a Palavra de
Deus e a oração) em seu serviço ao Senhor, ninguém além de um apóstolo poderia
usá-las com tal poder e eficácia.
O recebimento da verdade é mais do que julgar e deixar de lado ideias
erradas; todo nosso “entendimento”
sobre assuntos espirituais deve ser levado cativo “à obediência de Cristo”. Paulo não disse “obediência a Cristo”, como algumas traduções o
fazem, mas “a obediência de Cristo”. Isto se refere ao
tipo de obediência que Cristo teve em Sua vida – uma submissão voluntária ao
Seu Pai. É uma obediência que procede do amor (Jo 14:31). Esse foi o caráter de
obediência que Paulo trabalhou para com todos os homens.
Esta é a primeira grande marca de um verdadeiro apóstolo de Cristo
que Paulo enfatiza. Um apóstolo tem armas espirituais em seu combate que são
poderosas em Deus produzindo a obediência de Cristo nos santos. Em contraste
com isso, a influência dos falsos apóstolos entre os coríntios apenas promoveu
a desobediência naquela assembleia.
V. 6 – Por meio da escrita da primeira carta de Paulo, os coríntios,
em obediência piedosa, trataram da desobediência em seu meio tirando o ofensor da
comunhão e colocando em ordem as outras coisas necessárias na assembleia. Mas
Paulo deixa claro aqui que “toda
desobediência” não foi vingada. Esta foi uma alusão aos difamadores em seu
meio que estavam minando a ele e seu apostolado. Ele deixa claro que estava “pronto para vingar” isso, usando seu poder apostólico para
disciplinar esses opositores (Compare 1 Tm 1:20). Além disso, disse que o faria
quando a “obediência” deles fosse “cumprida” na restauração do irmão
arrependido (cap. 2:9).
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